Desafios e Alternativas na Infraestrutura Viária: O Caso da Estrada da Liberdade e os Desafios do BRT Metropolitano em Belém

Coema aprova resolução favorável ao projeto da Avenida Liberdade

O argumento para a construção da Estrada da Liberdade, que acarreta custos econômicos, sociais e ambientais altíssimos, baseia-se na ideia de facilitar a entrada e saída da cidade. No entanto, é importante questionar quem suportará esses custos, independentemente do tamanho, resultantes de uma decisão governamental – e a resposta é o povo. Será que a população paraense realmente precisa arcar com esses custos? Será que não existe uma alternativa viável para resolver esse problema? Em empreendimentos de grande impacto, é comum avaliar cuidadosamente os prós e contras, além de listar outras possíveis alternativas.

A questão da saída de Belém, que tem sido um problema para a administração e tem impulsionado o desejo por uma nova estrada, está relacionada à BR-316. O trecho problemático é parte da estrada federal estadualizada e representa a parte mais crítica.

Estudos realizados em colaboração com a Agência Japonesa JICA – Japan International Cooperation Agency – na década de 90 alertaram o Governo do Estado sobre os problemas de tráfego e trânsito na Região Metropolitana. Durante o mandato do ex-governador Simão Jatene, após desentendimentos com o prefeito de Belém, Duciomar Costa, optou-se por implementar dois BRTs, um municipal e outro metropolitano.

No entanto, os BRTs, anos após a decisão, ainda estão em andamento, sem conclusão e sem oferecer a solução prometida. O BRT Metropolitano, após a desistência da empresa Odebrecht – que apontou 65 defeitos no projeto, alguns considerados insolúveis – foi assumido pelo segundo colocado. Muitos invernos e eleições se passaram sem que as questões levantadas pela empreitada fossem respondidas ou que a obra fosse concluída.

Com o BRT metropolitano ainda em andamento e a principal saída da cidade obstruída por uma obra interminável, como a população pode acreditar que os congestionamentos na BR-316 serão resolvidos com a construção de uma nova rodovia?

A Estrada da Liberdade representa um risco para o meio ambiente. O trajeto previsto para essa rodovia ameaça o Parque Ambiental do Utinga e as áreas de reserva de água que abastecem as cidades da região metropolitana. Além disso, representa um risco social ao cortar trechos e expor a comunidade do quilombo do Abacatal.

Seria mais prudente concluir rapidamente as obras do BRT Metropolitano, garantir seu funcionamento conforme o projeto inicial e corrigir os erros identificados antes de considerar a construção dessa nova opção para os veículos motorizados e suas consequências para o meio ambiente.

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